O historiador Luiz Antonio Simas é um dos principais nomes da literatura e do pensamento crítico no Brasil. Com uma produção literária que transita entre a história, a cultura popular e a crônica urbana, o trabalho de Simas é como um ímã de leitores que buscam entender o país e suas tramas. Queria ler um livro, mas não sabe muito bem o que escolher nesse mundão? Dá uma chance para o Simas, que você não vai se arrepender!
Carioca, filho de mãe pernambucana e pai catarinense, Luiz Antonio Simas é professor, historiador, escritor, educador e compositor, com trinta anos de experiência em sala de aula. É bacharel, licenciado e mestre em História Social pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ele é cheio de prêmios. Um dos mais importantes, ele recebeu em 2014, por serviços prestados à cultura do Rio de Janeiro. Trata-se do conjunto de medalhas da comenda Pedro Ernesto, conferido pela Câmara Municipal da cidade. Simas também ganhou, dois anos depois, em 2016, o Prêmio Jabuti de Livro de Não Ficção do Ano, pelo Dicionário da História Social do Samba, escrito em parceria com Nei Lopes.
A seguir, apresentamos cinco motivos para você mergulhar em suas obras. Nós poderíamos fazer facilmente uma lista com 100 motivos, mas vamos de cinco para que a tinta da caneta não acabe!
1. O cara gosta e conhece Cultura Popular Brasileira
Simas é um verdadeiro cronista das manifestações culturais populares. Seus livros falam de festas, religiões de matriz africana, música, culinária e costumes que formam a base da identidade brasileira. Ele nos lembra que o país não se define apenas pelo que está nos grandes centros de poder, mas também pelo vivido nas ruas, terreiros e favelas. Seu texto é super vivo!
Antigamente, cada jornal tinha um grande cronista da cidade. Não só o Rio de Janeiro, mas Nova York, Paris, Berlim – todas as grandes capitais. Com o tempo e as mudanças no meio literário e jornalístico, isso acabou se tornando mais raro. Então, a atividade de cronista de Luis Antonio Simas é algo ainda mais para se valorizar.
2. Visão crítica da história brasileira
O historiador não é simplesmente aquele profissional que fala sobre o passado. Falar sobre o passado é coisa complexa. Contar também é fazer juízo, conjecturar, comparar, contrapor, perguntar e ter dúvidas. Luiz Antonio Simas faz exatamente isso em seu trabalho, mostrando que é ótimo historiador. Em suas obras, há perspectivas do Brasil contemporâneo que não costumamos ver por aí com tanta frequência – infelizmente! É exatamente o que vemos em livros como Umbandas: Uma história do Brasil. Nele, Simas usa os terreiros, os orixás e as esquinas para falar sobre a história brasileira (e dos brasileiros). Não há, hoje, melhor combinação de crônica e história.

O corpo encantado das ruas reivindica a riqueza dos saberes, práticas, modos de vida, visões de mundo das culturas que não podem ser domados pelo padrão canônico. Dá um olê nas narrativas conservadoras. Um de meus livros favoritos de Simas é “O corpo encantado das ruas”, que tem essa capa simplesmente maravilhosa. Confira o livro aqui.
3. Estilo literário raro
A escrita de Luiz Antonio Simas é acessível e cheia de vida. Ele combina erudição com um tom coloquial que aproxima o leitor de sua narrativa. Sua habilidade de transformar temas complexos a partir de uma leitura envolvente e didática. Mas isso não significa dizer que ele não fale de coisas duras. O que alguns antropólogos e historiadores chamam de “memórias difíceis” estão lá. Afinal, como falar do Brasil dos pretos, dos pobres, da gente da rua e dos terreiros sem falar em repressão e morte? Não dá. Mas Simas valoriza os aspectos da vida e da resistência.
4. Obras para todos os gostos
Simas tem uma vasta produção, que inclui desde livros históricos, como “História do Samba”, até crônicas espirituosas e ensaios sobre a cultura carioca. Já em “Maldito invento dum baronete”, ele escreve sobre o jogo do bicho (Luis Antonio Simas foi consultor para a Globoplay, que produziu dois documentários sobre o tema). Seja você um apaixonado por música, história ou literatura, certamente encontrará algo que vai te fisgar.
5. Inspiração pensar nossa relação com a cidade e com o passado
Ler Luiz Antonio Simas é um convite a redescobrir nossa conexão com a cidade e o seu passado. Elas nos ajudam a reconhecer o valor das histórias e tradições que muitas vezes são marginalizadas, porque pertencem também aos excluídos, aos transeuntes, ao povo das encruzilhadas, que, historicamente, são retirados das narrativas históricas. As obras de Simas são incríveis também por isso: por injetarem ânimo novo nas narrativas históricas.
Por onde começar a ler Luiz Antonio Simas?
Se você nunca leu nada do autor, um bom ponto de partida é o livro “Fogo no Mato: A Ciência Encantada das Macumbas”, escrito em parceria com Luiz Rufino. Outra excelente indicação é “Pedrinhas Miudinhas: Ensaios Sobre Ruínas e Esperanças”, onde Simas “do samba ao forró, de Noel a Jackson do Pandeiro, entre caboclos e políticos, o historiador lembra de onde viemos e dá boas ideias para onde irmos.”.
Luiz Antonio Simas tem um site próprio. Você também pode ver e escutar ele falando. Aqui, a minha dica para o podcast SambaPod!, episódio 72, publicado há 5 meses. O papo foi bem legal. Confere só: