Tem um som novo que você precisa ouvir. Lola Young, cantora e compositora britânica de 24 anos. A estreia dela ocorreu em 2023 com o álbum My Mind Wanders and Sometimes Leaves Completely. Mas o estouro mesmo aconteceu no final de 2024 com o segundo álbum, This Wasn’t Meant for You Anyway, lançado pela Islands Records.
This Wasn’t Meant for You Anyway tem 11 músicas, totalizando 38 minutos e 7 segundos. Lola consegue algo difícil em qualquer época: todas as músicas do álbum são ótimas. Talvez o som dela se torne a sensação de 2025, com seu mix de estilos e referências. Acompanham Young músicos bastante talentosos, especialmente na guitarra.
Que som ela faz? É difícil definir a música de Lola Young. Definitivamente, ela está em ascensão no segmento pop-rock. Mas essa categoria soa inadequada e imprecisa para a sonoridade do que escutamos em This Wasn’t Meant for You Anyway.
Eu diria que Lola tem grande influência do indi rock britânico dos anos 2000, como Bloc Party, que ela deve ter crescido ouvindo em Londres, mas há faixas que bebem do R&B (como Big Browm Eyes) e outras que combinam essa pegada como o soul, ska e disco (como a dançante Wish You Were Dead). A primeira faixa do álbum, Good Books, parece muito com a Kate Bush dos anos 1980.
This Wasn’t Meant for You Anyway tem uma vitalidade e uma autenticidade que não vejo faz tempo. Sua energia (não a música) me lembra muito a dos primeiros álbuns de Sheryl Crow, Alanis Morissette e Fionna Apple. Há um equilíbrio de cordas com efeitos eletrônicos e acústicos que encaixam perfeitamente na voz aveludada e firme de Young.
A grande porrada do álbum é Messy. É a melhor música do álbum e a que lançou Lola Young para o estrelato – até agora são mais de 324 milhões de execuções no Spotify. Intimista e progressiva, Lola Young tem domínio total de cada acorde. Lembra o melhor de Assaf Avidan. É uma música radiofônica, mas cheia de identidade. Com certeza vai ser aquela música que, daqui a 20 anos, a artista ainda vai estar executando em shows.
Vale dizer que a experiência é ainda melhor quando você escuta as músicas em um serviço de streaming de qualidade. Para escutá-la, eu usei o “Música”, da Amazon, o qual ganhei 3 meses gratuitos após trocar meu iPhone velho por um novo. Eu nunca tinha usado o serviço de música da Apple e confesso que fiquei estupefato com a qualidade do som. Achei muito superior ao Spotify, YouTube Music ou Amazon Music. Mas não é pouco superior não, é muito.
Quem é Lola Young
Lola Emily Mary Young nasceu em 2001, em Beckenham, no sul de Londres. Desde cedo, demonstrou interesse pela música, iniciando aulas de piano, guitarra e canto aos seis anos. Aos 11 anos, começou a compor suas próprias canções e posteriormente ingressou na BRIT School, renomada instituição que também revelou artistas como Adele e Amy Winehouse.
Em 2013, Young venceu o concurso musical Open Mic UK com a música “Never Enough”, o que lhe garantiu um contrato com a gravadora Future Music. Seu primeiro EP, “Renaissance”, foi lançado em 2021, seguido pelo álbum de estreia “Stream of Consciousness” em 2022.

Dica para quem curte música: “Alta Fidelidade”, livro de ficção que marcou uma geração inteira nos anos 1990. O premiado Hornby conta a história de Rob, 35 anos, que enfrenta a crise após o fim do namoro. Sua loja de discos está falindo, seus amigos evitam conversas sérias e, no amor, ele está no fundo do poço. Confira aqui.
O reconhecimento mundial veio em 2024 com o single “Messy”, parte do álbum “This Wasn’t Meant for You Anyway”, que se tornou viral nas redes sociais e lhe rendeu uma indicação ao Brit Awards. Além disso, Lola colaborou com o rapper Tyler, The Creator na faixa “Like Him”, do álbum “Chromakopia”.
As letras
Messy tem o melhor som e a melhor letra. Parece ser a música que mais se parece com a alma da arista. Em seu perfil no Spotify, Lola se define assim: “Sou péssima no amor, como você provavelmente vai perceber se ouvir minha música. Não consigo ficar parada por mais de 10 minutos, mas consigo entender as coisas escrevendo músicas bobas e, às vezes, nem tão bobas assim”. Em Messy ela canta:
You know I’m impatient
So why would you leave me waiting outside the station
When it was like minus four degrees? And I
I get what you’re sayin’
I just really don’t wanna hear it right now
Can you shut up for like once in your life?
Listen to me, I took your nice words of advice
About how you think I’m gonna die lucky if I turn thirty-three
Ok, so yeah, I smoke like a chimney
I’m not skinny and I pull a Britney every other week
But cut me some slack, who do you want me to be?
Em crítica recente ao álbum, o jornal britânico The Gardian escreveu: “Endereçado quase todo a uma série de ex-namorados decepcionantes, o segundo álbum de Lola Young dobra para baixo em uma combinação vencedora de zingers e vulnerabilidade. A leviandade e a agressão passiva desta estrela em espera são a chave para seu charme irritado. Ambas as abordagens funcionam: Young, do sul de Londres e da Brit School através de uma série de situações tóxicas, não mede suas palavras para os outros, ou para si mesma”.
Se você curtiu essa crítica, considere ler também:
Tudo o que sabemos até agora sobre “A Odisseia”, de Christopher Nolan