Desde o ano passado, quando a Netflix divulgou o primeiro trailer de sua nova minissérie, “O Eternauta”, criou-se uma grande expectativa. Com seis episódios, a produção foi escrita por Bruno Stagnaro e Ariel Staltari. O elenco terá a estrela do cinema argentino, Ricardo Darín, Carla Peterson, César Troncoso, Andrea Pietra, Ariel Staltari, Marcelo Subiotto, Claudio Martínez Bel, Orianna Cárdenas e Mora Fisz.
Mas que diabos é “O Eternauta”? Trata-se de uma das obras mais icônicas da história dos quadrinhos argentinos e da ficção científica latino-americana. Escrita por Héctor Germán Oesterheld (1919-1977) e ilustrada por Francisco Solano López, a HQ foi publicada originalmente entre 1957 e 1959 na revista Hora Cero Semanal. A narrativa é uma mistura de ficção científica, crítica política e existencialismo, tendo um impacto cultural significativo tanto na Argentina quanto fora dela.
O enredo de “O Enternauta”
A história começa quando um escritor, que serve de narrador, encontra um viajante do tempo e espaço conhecido como Juan Salvo, o Eternauta. Juan Salvo conta sua história: ele era um homem comum vivendo em Buenos Aires com sua família e amigos, até que uma estranha nevasca tóxica começa a cair sobre a cidade, matando instantaneamente quem entra em contato com ela.
Para sobreviver, Salvo e seu grupo criam roupas improvisadas de proteção e enfrentam desafios cada vez maiores enquanto tentam entender o que está acontecendo. Aos poucos, eles descobrem que a nevasca é apenas o início de uma invasão alienígena que utiliza humanos como peões em uma guerra intergaláctica.
Nova edição, completa e em edição especial, de “O Eternauta”, à venda no Brasil. ‘Em Buenos Aires, no final dos anos 1950, um escritor de quadrinhos recebe a visita de um estranho sujeito, que afirma ter vindo do futuro, e o alerta sobre uma tragédia iminente. Seu nome é Juan Salvo, e ele vai contar a história de uma fria noite de inverno, na qual seu grupo de amigos teve sua habitual partida de truco interrompida por uma misteriosa nevasca fluorescente tóxica, capaz de matar tudo o que toca.”. Confira aqui, na Amazon Brasil.
Juan Salvo se torna um líder relutante, lutando pela sobrevivência, mas acaba em um ciclo de viagens no tempo e no espaço, condenado a nunca mais reencontrar sua família – o que o transforma no “Eternauta”.
Diferentemente de histórias tradicionais de heróis, “O Eternauta” enfatiza a ação conjunta e a sobrevivência em grupo. Salvo e seus companheiros são pessoas comuns que precisam trabalhar juntas para enfrentar ameaças avassaladoras. A obra reflete a situação política da Argentina nos anos 1950 e, posteriormente, ressoou ainda mais no contexto da ditadura militar.
Os especialistas em comunicação costumam ver a obra como uma metáfora para o imperialismo, a resistência e os regimes autoritários. Ficção científica com a marca da história latino-americana. Com uma pitada de filosofia existencialista: a condenação de Juan Salvo a vagar eternamente pelo espaço-tempo, incapaz de retornar à sua vida anterior, ressoa com temas de solidão, desespero e a busca de significado.
O Impacto Cultural
“O Eternauta” é amplamente considerado um marco da cultura argentina e da ficção científica mundial. Após a publicação original, ganhou várias continuações, mas a obra mais significativa continua sendo a original de Oesterheld e Solano López.
Oesterheld, que também era uma figura politicamente engajada, acabou desaparecendo durante a última ditadura militar argentina (1976–1983), assim como suas quatro filhas, o que deu à história um peso ainda mais simbólico como alegoria da resistência e da repressão. Em 1977, o artista foi sequestrado pelas forças armadas durante a última ditadura militar argentina e foi visto pela última vez em um centro clandestino de detenção. Desde então, passou a formar parte da lista de detidos-desaparecidos vítimas do terrorismo de Estado na Argentina.
O jornalista Paulo Ramos, especialsta em HQs e autor do livro Bienvenido – Um passeio pelos quadrinhos argentinos, comentou há alguns anos, em entrevista ao blog Raio Laiser, sua opinião sobre o trabalho de Oesterheld:
“É um roteirista bem acima da média, temática e qualitativamente. Diria que é um autor de dois momentos bastante distintos. O primeiro, na década de 1950 e parte de 1960, é mais marcado por roteiros de diferentes gêneros, em que se destaca a ficção científica. É dessa época, El Eternauta, sua obra mais conhecida. Um segundo momento, iniciado no fim dos anos 1960, é mais voltado a produções mais engajadas politicamente, reflexos da opção política adotada por ele. A biografia de Che Guevara, um dos poucos trabalhos dele lançado no Brasil, é desses anos.”
Série da Netflix
A adaptação de “O Eternauta” para a televisão foi feita pela Netflix. A produção é dirigida por Bruno Stagnaro e protagonizada por Ricardo Darín no papel de Juan Salvo. A série está programada para estrear este ano.
Após uma nevasca mortal que dizima milhões de pessoas, Juan Salvo e um grupo de sobreviventes em Buenos Aires enfrentam uma ameaça alienígena controlada por uma força invisível. A trama explora a luta pela sobrevivência e a resistência diante de um inimigo desconhecido.
A série é uma colaboração entre a Netflix e a produtora argentina K&S Films. As filmagens ocorreram em Buenos Aires, mantendo a autenticidade do cenário original da história. A produção enfrentou desafios, incluindo atrasos devido à pandemia de COVID-19 e à agenda dos atores, mas foi concluída em dezembro de 2023.
A adaptação de “O Eternauta” para a televisão tem gerado grande expectativa, especialmente na Argentina, onde a obra original é considerada um marco cultural. A escolha de Ricardo Darín, um dos atores mais renomados do país, para o papel principal, aumentou ainda mais o interesse pela série. Para mais informações e atualizações, você pode visitar a página oficial da série na Netflix.
Assista ao teaser oficial da série abaixo: