13 de março de 2025
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A reportagem de 1963 que previu o surgimento do telefone celular

Em 18 de abril de 1963, uma reportagem futurista do jornal Mansfield News, dos Estados Unidos, dizia: "Você poderá levar um telefone no bolso no futuro".
9 de janeiro de 2025
Mulher exibe protótipo de um celular. Ela sorri para a câmera.
A reportagem descrevia um protótipo de telefone de bolso apre-sentado por Jean Conrad, representante comercial da empresa Mansfield Telephone Co. Foto: internet.

Nos últimos anos, uma imagem tem circulado bastante nas redes sociais: o recorte de uma reportagem visionária do início da década de 1960 intitulada “Você poderá levar um telefone no bolso no futuro”. E ela é real. O texto foi publicado em 18 de abril de 1963 no jornal Mansfield News-Journal, que circula em Mansfield, Ohio, Estados Unidos.

Na época, a ideia parecia saída de uma obra de ficção científica, mas hoje sabemos que ela antecipava o surgimento dos telefones celulares. A reportagem descrevia um protótipo de telefone de bolso apresentado por Jean Conrad, representante comercial da empresa Mansfield Telephone Co., e explorava os avanços tecnológicos que transformariam como as pessoas se comunicam.

Na reportagem futurista, uma mulher segura o protótipo, que lembra muito o celular StarTAC, modelo muito conhecido da Motorola, lançado em 3 de janeiro de 1996 – o primeiro celular com flip já lançado.

Reportagem futurista lembra muito o celular Motorola StarTAC, lançado em 1996. É este aparelho que aparece na foto, contra um chão cinza.
Telefone Motorola StarTAC. Foto: ProhibitOnions.

A proposta era revolucionária: um dispositivo sem fio e compacto que permitiria aos usuários fazer e receber chamadas de qualquer lugar. Parecia coisa saída da série futurista infantil The Jetsons, muito famosa na época. Embora os executivos da empresa deixassem claro que a tecnologia ainda estava “muito no futuro”, o protótipo apresentava a base do que décadas depois se tornaria uma realidade cotidiana. Naquele momento, o telefone portátil era um projeto laboratorial funcional, mas longe de estar pronto para uso comercial.

“Algum dia, os moradores de Mainfield levarão seus telefones nos bolsos. Mas não espere que ele esteja disponível amanhã. Frederick Huntsman, gerente comercial da empresa telefônica, diz: “Este telefone está muito no futuro – comercialmente.” No momento, é um desenvolvimento de laboratório e é viável, permitindo que o portador faça e atenda chamadas onde quer que esteja.”

Jean Conrad

A reportagem futurista também mencionava outros avanços previstos para o futuro da telefonia. Entre eles, destacava-se o “telefone de imagem visual”, um precursor do que hoje conhecemos como videoconferências. Esse dispositivo permitiria conversas com transmissão de imagem, utilizando uma câmera de televisão em miniatura e um sistema de microfone e alto-falante. Essa descrição antecipava o conceito de videochamadas, amplamente popularizadas por aplicativos como Zoom, WhatsApp e Face Time.

Celular Samsung S24. Interface e design de 2024, mas ainda parecido com a ideia de 1963. Clique aqui para conhecer esse modelo da Samguns na Amazon.

Outra inovação mencionada era o “telefone de alto-falante para cozinha”, um dispositivo que ofereceria funcionalidades adicionais, como intercomunicação doméstica e comunicação viva-voz, ideal para momentos em que o usuário estivesse ocupado com tarefas domésticas. Esse conceito reflete as bases dos assistentes inteligentes de hoje, como Amazon Alexa e Google Nest, que integram comunicação e automação em ambientes domésticos.

Na época, a ideia de carregar um telefone no bolso parecia impossível para muitos. Telefones eram fixos, grandes e limitados à tecnologia de fios. A possibilidade de um aparelho portátil era vista como algo “muito no futuro”, de acordo com Frederick Huntsman, gerente comercial da companhia telefônica. A reportagem destacava que esses avanços estavam apenas em fase experimental, mas sua descrição antecipava com precisão a transformação que os celulares trariam décadas depois.

Uma reportagem futurista, mas com contexto histórico

A década de 1960 foi um período de intensos avanços tecnológicos. Enquanto os Estados Unidos viviam a corrida espacial e exploravam os limites da ciência, empresas de telecomunicação experimentavam novos formatos para conectar as pessoas. A reportagem futurista do Mansfield News-Journal reflete esse otimismo tecnológico e a crença de que inovações poderiam melhorar a vida cotidiana.

Contudo, é importante lembrar que as previsões não são coincidências. Elas resultam de um esforço contínuo de pesquisa e desenvolvimento, impulsionado por mudanças sociais e econômicas. A crescente urbanização, a globalização e o aumento da necessidade de comunicação eficiente impulsionaram investimentos em telecomunicação, criando as bases para a revolução tecnológica que vivemos hoje.

Sílvia Rocha

Formada em Comunicação pela UFC. Mora em Águas Claras, Distrito Federal, onde vê o mundo acontecer de sua janela. Gosta de ler sobre história e é fã incondicional de The Office!

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